Salvaterra de Magos, Concelho ribeirinho do Tejo, com os seus campos férteis, onde a pesca e a agricultura, desde sempre ocuparam a vida das suas gentes.
As tradições, os ofícios e as artes foram passando de geração em geração.
O artesanato Concelhio é rico e variado: a olaria de Muge, os bordados a ponto de cruz de Glória do Ribatejo, os vimes e as vergas de Marinhais e do Granho, a Correaria de Marinhais encantam os nossos olhos.
As miniaturas de barcos, como as bateiras, evidenciam a forte influência do rio Tejo na vida destas gentes, que outrora construía e reparava as sua próprias embarcações.
Com o ferro forjado fazem-se vários utensílios domésticos e decorativos. Com grande habilidade as mãos pintam tecidos, porcelanas, gessos, marfinites, vitrais, combinam flores secas, enfeitam madeiras e estanhos, num bailado indeterminável os dedos vão fazendo as rendas, bordando o pano, trabalham as farpas e as embolas, captando as atenções e produzindo peças de rara beleza.
A paciência, a arte e a sabedoria, permitem o restauro de peças antiquíssimas, que acabam por se preservar no tempo.
Assim se perpetua a memória de um povo, que com o seu trabalho manual, vai contribuindo para a manutenção e sobrevivência das atividades dos seus antepassados, de quem herdaram todo o saber e arte de trabalhar com as mãos.
BORDADOS DA GLÓRIA DO RIBATEJO
Um dos aspetos mais marcantes da arte popular gloriana são os Bordados a Ponto de Cruz.
Os Bordados são uma manifestação que se mantém ativa há várias gerações na Glória do Ribatejo.
Este saber-fazer, transmitido oralmente e em contexto prático pelas mulheres de Glória do Ribatejo, era e é aplicado na elaboração de várias peças de vestuário quotidiano, na roupa da casa, e em outros objetos de utilidades diversas.
A simbologia e funcionalidade associadas à aplicação destes bordados confere-lhes características que os diferencia dos outros bordados, sem qualquer expressão comercial ou de ostentação de riqueza, já que estas peças deixam transparecer o rigor e o preceito de quem as “marca” / borda.
A Câmara Municipal de Salvaterra de Magos apresentou uma candidatura à Direção Geral do Património Cultural (DGPC), que contou com a colaboração da Universidade de Évora e o apoio da União de Freguesias de Glória do Ribatejo e Granho, instituições e associações locais e de toda a população da Glória do Ribatejo, para que "os Bordados da Glória do Ribatejo" incluíssem o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, aprovação que veio a acontecer a 4 de fevereiro de 2022.
Link para a página dos Bordados da Glória do Ribatejo na Matriz PCI:
http://matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/InventarioNacional/DetalheFicha/645?dirPesq=0
Aprovação de Candidatura:
OLARIA DE MUGE
Escavações arqueológicas descobriram vestígios de um forno de cerâmica romano, na freguesia de Muge, desde esse período até aos dias de hoje, a roda do oleiro não parou.
Nas olarias de Muge tudo é exercido como no passado: as mãos do oleiro amassam o barro, que depois de moldado, é seco e cozido num forno de lenha.
Por vezes, os oleiros pintam as peças de olaria, mas o mais usual em Muge é o barro vidrado.
Da roda do oleiro surgem peças como as bilhas para a água, vasos, tachos, jarros, potes.
Apesar da sua antiguidade, a olaria de Muge, continua ainda a desenvolver a sua atividade graças ao esforço e empenho dos oleiros, que vão contribuindo com a sua arte para a manutenção da tradição do trabalho com o barro.
VIMES E VERGAS DE MARINHAIS E DO GRANHO
Longe vão os tempos em que o Concelho de Salvaterra de Magos era percorrido pelos “cesteiros”, oriundos do Norte do país, que para aqui se deslocavam e permaneciam grandes temporadas, trabalhando o vime e a verga, para venderem de porta em porta.
Os cesteiros deixaram a sua arte no Concelho, onde manualmente se faz uma grande diversidade de peças de verga e vime, cestos, cadeiras sofás e estantes, são muito apreciados pelas características peculiares que possuem.
CORREARIA DE MARINHAIS
O correeiro utiliza o couro como matéria prima. É um “fabricante” de arreios, correias e outras peças de couro para o gado, carros de tração animal e algumas alfaias agrícolas. Os correeiros “intervinham” no setor agrícola, quer fornecendo-lhes os materiais de que necessitavam, quer consertando e reforçando outros.
No desempenho dessas funções era recorrente os correeiros deslocarem-se periodicamente às propriedades dos grandes lavradores, onde ficavam semanas ou meses na elaboração de peças de couro ou no conserto das mesmas.