As manifestações tauromáquicas são uma tradição secular enraizada no concelho de Salvaterra de Magos. As vastas lezírias que fazem parte integrante da geografia do Concelho, ciclicamente inundadas pelas cheias do Tejo, permitiram desde muito cedo a criação de gado bovino e cavalar.
Segundo a tradição popular, era no Paço Real de Salvaterra de Magos, em pequenos redondéis, que se corriam reses bravas para satisfação da Família Real e do povo.
«Em Abril, já o rei enfrentava em Salvaterra, toiros com cornos pouco serrados. E mais, desafiando as recomendações dos médicos no sentido de moderar os exercícios físicos, depois de uma aparatosa queda em que se feriu num braço e numa perna, continuou a lidar até se acabar os touros.»
(in Maria Augusta Lima Cruz, D. Sebastião, Lisboa, Círculo de Leitores, 2005, p. 479)
Segundo Francisco Câncio, no seu estudo sobre a festa brava em Portugal, descreve-nos:
“É no reinado de D. José, que as toiradas em Salvaterra começam a deixar o seu traço histórico. Nesse tempo as toiradas tinham lugar no largo do Palácio e a elas assistia toda a Corte, envergando as suas melhores galas”.
No Século XIX, ocorreu um episódio caricato no Paço Real de Salvaterra de Magos, envolvendo elementos da corte, onde o príncipe D. Miguel introduziu um toiro no Paço Real numa cerimónia, provocando a confusão entre os presentes.
“D. Miguel muito gostava de Salvaterra. Rei toureiro por excelência, foi célebre
nesse Paço tão apreciado por seus avós. Dirigia com saber uma manada correndo na “ponta da unha”, o pampilho nas suas mãos era uma seta que indicava um caminho. (…)
Num dia de beija-mão real, por ocasião dos anos do Senhor Rei D. João VI – na
sala do trono em Salvaterra, introduz com outros da sua força, um toiro negro e
corpulento.”
A corrida inaugural da Praça de Toiros de Salvaterra de Magos decorreu em 1 de agosto de 1920. Frente a um curro de 10 toiros da ganadaria Roberto e Roberto atuaram os cavaleiros José Casimiro, Adolfo Macebeiro Tomé, Vital Mendes Francisco Rocha, Mateus Falcão e Manuel dos Santos, sendo os forcados comandados por Manuel Burrico.
Mais tarde, estando saldadas todas as dívidas decorrentes da construção, a Comissão Construtora ofereceu a Praça à Santa Casa da Misericórdia de Salvaterra de Magos.
Em meados do séc. XIX nasceram em Salvaterra de Magos Vicente Roberto e Roberto Fonseca, duas figuras que marcaram a tauromaquia da época e foram o expoente máximo do toureio a pé em Portugal. Como atuavam juntos apresentavam-se como Irmãos Roberto.
As touradas representam a história e tradição deste povo destemido, toureiro e cavaleiro, habituado a enfrentar a dureza do campo, do Tejo e da charneca. Desde os tempos mais remotos que a história da vila de Salvaterra de Magos está ligada às lides taurinas, ao culto do toiro, dos forcados, dos campinos e do toureio a pé, destacando-se figuras como os famosos bandarilheiros “irmãos Roberto” - Roberto da Fonseca e Vicente Roberto da Fonseca; o reconhecido forcado José Carlos Hipólito (“Timpanas”); os bandarilheiros João Roberto da Fonseca, Francisco da Silva Faz-Cordas (“Palhota”), Rogério Amaro, Rogério Amaro, Filipe Gravito, Fernando Henriques, Francisco Ferreira Estudante, José Ferreira Estudante, Francisco Freire, Mário Rui Duarte Pinto Figueiredo (“Marinho”) ; os novilheiros João António Carvalho Rosa e Joaquim da Conceição (“Russo”); o matador de toiros Vítor Mendes; António Cadório (“Mestiço”), que dava aulas de toureio a jovens; o picador de toiros Simão Neves; os cavaleiros José Luiz Fernandes, António Roberto da Fonseca, Miguel Faria, Mário Marques, Rogério Manuel da Silva Travessa Fernandes, Cláudio Travessa e as cavaleiras Ana Batista, Mónica Monteiro e Andreia Oliveira, entre muitos outros nomes.
Destaque igualmente para a presença em Salvaterra de Magos de várias ganadarias e coudelarias, nomeadamente Ganadaria Quinta das Gatinheiras de João Ramalho, Ganadaria José Manuel Dias e para as Coudelarias Ana Cristina Marramaque Batista, Coudelaria Casa Cadaval Olga & Graziela, Coudelaria d’Ornellas e Vasconcellos, Coudelaria Herdeiros de Dr. José Menezes, Coudelaria Herdeiros de João Batista – ServiTejo, Coudelaria Oliveira e Sousa João José Sousa – Lusitano Horse Breeder, Coudelaria Quinta das Gatinheiras de João Ramalho, Coudelaria Silva Jârego, Coudelaria Sra de Alcamé de José Drummond d’Oliveira e Sousa – Serna, Sociedade Agrícola, Lda, e Picadeiro Entre Tejo e Sorraia.
Mais informações consultar:
Revista Magos 2020 – “Centenário da Praça de Touros de Salvaterra de Magos (1920-2020)”
https://www.calameo.com/read/007453336885a37e99116