Os concheiros do Vale do Tejo (Paul de Magos e Ribeira de Muge) foram descobertos a 13 de abril de 1863 por Carlos Ribeiro, que desempenhava funções de Diretor da Comissão Geológica de Portugal, a quem muitos denominam como o "Pai" da Arqueologia Portuguesa.
Podemos designar os Concheiros como "colinas artificiais" onde se estabeleceram sazonalmente várias comunidades de caçadores-recolectores, que faziam da apanha de moluscos uma das suas principais atividades e, em termos históricos, reportam-nos para o período do mesolítico.
O primeiro concheiro identificado foi o Arneiro do Roquette, localizado no Paul de Magos, mais tarde foram descobertos os concheiros da Ribeira de Muge: Fonte do Padre Pedro; Cabeço da Arruda, Cabeço da Amoreira e Moita do Sebastião.
A descoberta dos concheiros de Muge constitui um dos mais importantes achados arqueológicos em Portugal, do último quartel do séc. XIX e marcaram o percurso da arqueologia pré-histórica. A primeira monografia arqueológica dedicada à pré-história portuguesa foi precisamente um trabalho de Pereira da Costa dedicado aos concheiros de Muge.
Os concheiros identificados, nomeadamente os de Muge, alcançaram uma reconhecida importância histórica e científica devido à realização do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Históricas em 1880, onde foram mencionados numa comunicação de Carlos Ribeiro, e também devido à visita dos congressistas aos concheiros do Cabeço da Arruda e da Moita do Sebastião.
Desde finais do Séc. XIX até à atualidade, numerosos estudiosos de renome escavaram ou participaram em escavações arqueológicas nos concheiros, publicando inúmeros trabalhos sobre estas estações arqueológicas. Atualmente estão a ser escavados sob orientação da Universidade do Algarve.
As escavações têm dado a conhecer vários vestígios ao nível de estruturas de habitação, tecnologia lítica, adornos e práticas funerárias, desta comunidade pré-histórica do mesolítico.
Em 2011 os concheiros são classificados como monumentos nacionais: os concheiros da Moita do Sebastião, do Cabeço da Amoreira e do Cabeço da Arruda.
Devido ao seu incalculável valor científico, os concheiros de Muge são citados em todos os manuais da pré-história da Europa.
Em 2023, a Câmara Municipal publicou a X edição da Revista Magos dedicada aos 160 anos da descoberta dos Concheiros de Muge, que pode ser consultada online em:
https://www.calameo.com/read/0074533361bae6e537429
Vídeo relativo à Visita às Escavações Arqueológicas no Concheiro Cabeço da Amoreira, no dia 11 de setembro de 2022, no âmbito da 9ª edição das Jornadas de Cultura: