A Linha Férrea Setil – Vendas Novas e a Ponte Rainha D. Amélia
A 14 de janeiro de 1904 é inaugurada a linha férrea Setil – Vendas Novas. Pela primeira vez as linhas do Norte e as linhas do Sul estavam ligadas, sem interrupções. A construção da Ponte Rainha D. Amélia, uma notável obra de engenharia da época, conseguiu ultrapassar o obstáculo do Rio Tejo e ligar as duas linhas férreas.
O arranque da construção da linha Setil – Vendas Novas ocorreu a partir de 1902 e esteve a cargo do Eng. Vasconcelos Porto – Tenente Coronel de Engenharia e Chefe de exploração da Companhia Real dos Comboios de Ferro, um dos reputados engenheiros portugueses, que também participou nos trabalhos da Beira Baixa e no ramal de Cascais.
A necessidade de construir uma ponte férrea sobre o rio Tejo é referenciada em finais da década de 70 do séc. XIX. O início da obra ocorreu em julho de 1902 e implicou um elevado volume de terraplanagens. As peças metálicas foram feitas pela empresa Fill e Lilles, supervisionadas pelo Eng. Audouard, enquanto que os pilares das fundações estiveram a cargo do Eng. Eugénio Reynaud.
No dia 14 de janeiro de 1904 a linha férrea Setil – Vendas Novas é inaugurada com a presença do rei D. Carlos I e da rainha D. Amélia. O comboio real saiu do Rossio, em Lisboa, pelas 11h e às 12h01 chegava ao Setil, onde uma multidão aguardava, com banda de música e foguetes.
À entrada da Ponte que atravessava o Rio Tejo, entre Porto de Muge e Muge, o comboio parou, a comitiva saiu e o rei D. Carlos I inaugurou solenemente a infraestrutura com o nome “Ponte Rainha Dona Amélia”. Em seguida o comboio real retomou o seu percurso e foi parando nas novas estações: Muge, Marinhais, Coruche, S. Torcato, Lavre, Canha e Vendas Novas.
A Ponte Rainha D. Amélia teve, durante muito tempo, o título de ponte ferroviária mais extensa da Península Ibérica - 840 metros. É uma ponte que obedece à tipologia de arquitetura do ferro, muito celebrizada por Gustave Eiffel.
Na década de 80 do século XX, é construída uma nova travessia ferroviária ao lado da Ponte Rainha D. Amélia, pela qual os comboios começaram a passar.
Em 2001, a Ponte D. Amélia é reconvertida para tráfego automóvel e pedonal, ligando os concelhos de Salvaterra de Magos (Muge) e de Cartaxo (Porto de Muge).
Localização | VER MAPA