Integrando o Paço Real, a 21 de janeiro de 1753 inaugurou o Real Teatro de Salvaterra de Magos, com a peça “Didone Abbandonata”, do maestro David Perez, com libreto de Pietro Metastasio e um intermezzo de Adolfo Hasse, La Fantesca. O projeto deste Teatro Real é atribuído ao arquiteto Giovani Carlo Bibiena.
Funcionou como Teatro de Ópera durante 40 anos, com representações sempre no carnaval, coincidindo normalmente com a “Jornada de Caça” em Salvaterra de Magos. Foram apresentadas neste Teatro 64 produções operáticas.
Teria cerca de 500 lugares, sendo a que a população de Salvaterra seriam cerca de 2000 habitantes, pelo que a lotação deste espaço permite ter uma ideia da vida cultural de Salvaterra de Magos, durante a época de caça.
A partir de 1793, com a construção do Teatro de S. Carlos, deixa de funcionar como Teatro de Ópera, mas há registo que no carnaval de 1824 é levada à cena a farsa “Manuel Mendes Enxundias”, onde entra o Infante D. Miguel, como ator amador. Essa noite, de 28 de fevereiro, ficou também marcada pela misteriosa e trágica morte do 1º Marquês de Loulé.
O Paço Real de Salvaterra de Magos entra em declínio quando a Família Real vai para o Brasil em 1807. Os anexos e dependências do Paço foram integrados na Fazenda Nacional e em 1863 o rei D. Luís decreta a vendas dos bens que compunham o Paço, tendo sido preservada a Capela Real e a Falcoaria Real, espaços que ainda hoje se mantêm e podem ser visitados.
Saiba mais sobre este Teatro Régio nos estudos realizados pelas autoras Natália Correia Guedes e Aline Gallash-Hall de Beuvink, alguns publicados com apoio da Câmara Municipal.
(GUEDES, Natália Correia; CORREIRA, J. M. Silva, "O Paço Real de Salvaterra de Magos", Livros Horizonte, 1989 e BEUVINK GALLASCH- HALL; "O Real Teatro de Salvaterra de Magos", Caleidoscópio, 2016.
Legenda da foto:
Corte do Teatro de Salvaterra de Magos, Museu Nacional de Arte Antiga (D. 1696), Giovanni Carlo Sicinio Bibiena (atr.) Século XVIII, fotografia de José Pessoa, 2006 Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E.